“Naqueles dias, sendo Moisés já grande, saiu a ter com seus irmãos e atentou a suas cargas. Viu que um egípcio feria a um Hebreu dentre seus irmãos. Olhou de uma banda a outra, e vendo que ninguém ali havia, matou o egípcio, e escondeu-o na areia. Tornou a sair no outro dia, e viu dois hebreus que se contendiam. Perguntou então ao culpado: porque o feres? Este lhe respondeu: és tu posto como príncipe ou juiz sobre nós? Pensas matar-me, como fez ao egípcio? Neste momento, Moisés tremeu.”
Estes versos encontram-se no início do livro de Êxodo, no capítulo dois, dentre os versículos onze e quatorze. Moisés se encontra com a sarda ardente no capítulo três desse mesmo livro, o que significa que, nessa época, nem tão temente era a Deus. Sua prepotência foi suficientemente grande para realmente dar-se como juiz, ou príncipe dentre outros, talvez iguais, ou melhores que ele. Essa mesma prepotência existe hoje em nós, que mais que servos, somos, antes de tudo, pecadores e indignos da misericórdia – e, principalmente, da graça – de nosso bom criador. Poucos versículos depois, já no capítulo três, versos doze, quatorze e quinze respectivamente, nós temos a seguinte leitura: disse lhe Deus: certamente eu serei contigo. E isso te servirá de sinal de que eu te enviei; disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. E disse mais: assim dirás quando chegares aos filhos de Israel: o EU SOU me enviou até vós; disse mais Deus a Moisés: assim dirás ao povo de Israel: o senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque, e de Jacó, me enviou até nós.
Às vezes, quando cheios de nossa prepotência– que, natural e infelizmente, é humana- esquecemos de algo muito importante: o que nós somos. A história de Moisés, mesmo que cheia de feitos incríveis e imensuráveis, ou inimagináveis, mostra, no final de tudo, um ser humano. Um ser humano que, como qualquer outro cometeu erros, que serviram para o início de seu ministério, assim como outros que, por exemplo, impediram-no de entrar na terra prometida. O erro demonstrado por Moisés entre os versos onze e quatorze do Capítulo dois, porém, falam de algo que se deve sempre lembrar, antes de qualquer ação, pensamento ou demonstração inconsciente: que nós, não só como pecadores, mas por servimos a alguém maior e mais perfeito, devemos colocá-lo à frente de todos os atos. Talvez - talvez não, isso nos é certo - assim, não tenhamos nunca que, depois de levarmos nossos problemas e relevâncias, pessoais ou não, com nossas próprias mãos, enterrá-los na areia para que, em vão, não encontrem os outros nossos desvios e erros.
A paz.
Gabriel Lares
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" Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."
Agostinho de Hipona